Você sabia que atletas sofrem...
Leia maisA infância é um período de descoberta, crescimento e desenvolvimento para as crianças. No entanto, é comum que as crianças experimentem momentos de irritabilidade, e isso pode ser desafiador tanto para elas quanto para os cuidadores. Para isso, devemos entender melhor o que é este sintoma na infância e quando é necessário buscar ajuda.
A irritabilidade é um sintoma comum de humor na juventude, definido como baixa tolerância à frustração e caracterizado por explosões de raiva e mau-humor. É estável e prejudicial, frequentemente levando ao encaminhamento para tratamento. Além disso, ela é um critério em vários transtornos emocionais e comportamentais, como o transtorno depressivo, transtorno de ansiedade generalizada e transtorno opositor desafiante, sendo este caracterizado por comportamento desafiador e desobediente.
A irritabilidade crônica prediz transtornos emocionais, especificamente os depressivos e de ansiedade, e o suicídio na idade adulta. Ela também foi associada com um deterioramento funcional significativo, incluindo na ausência de transtornos psiquiátricos, com menos sucesso educativo e econômico. Além disso, tem se relacionado com a externalização de problemas de conduta em jovens o que pode explicar a comorbilidade entre os transtornos de internalização e externalização e o vínculo entre o transtorno opositor desafiante na juventude e a depressão na fase adulta.
Mas até que ponto a irritação e a birra das crianças podem ser consideradas algo normal? E a partir de quando se torna necessário procurar a atenção de um profissional da saúde? É importante ressaltar que um certo grau de irritabilidade é comum durante a infância, especialmente quando as crianças estão aprendendo a expressar suas emoções e a lidar com frustrações. Na maioria dos casos, esses comportamentos tendem a diminuir à medida que a criança amadurece emocionalmente e desenvolve habilidades para lidar com suas emoções.
A irritação em crianças é um comportamento comum que leva pais, professores e outras pessoas a buscarem cuidados primários ou informações de saúde mental de profissionais. É essencial estabelecer a presença ou ausência de irritabilidade anormal, pois pode colocar o indivíduo em risco de comprometimento funcional. Ainda mais importante é o processo de triagem de comportamentos associados à irritabilidade, como agressão física envolvendo o uso de arma, crueldade contra animais, incêndio, arrombamento e roubo, que podem exigir atenção imediata ou encaminhamento para serviços de saúde mental.
Embora está problemática seja uma parte normal do desenvolvimento infantil, existem momentos em que pode indicar a necessidade de intervenção. Se a irritabilidade da criança interfere significativamente em sua capacidade de funcionar no dia a dia, prejudica suas relações sociais, acadêmicas ou familiares, ou se acompanha outros sintomas preocupantes, como dificuldades de sono, mudanças no apetite, ansiedade excessiva ou agressividade constante, pode ser hora de procurar ajuda profissional.
Ainda existem poucas pesquisas específicas sobre o seu tratamento, porém a terapia cognitivo-comportamental e o treinamento de gerenciamento dos pais têm se mostrado mais eficazes no tratamento da irritabilidade em crianças. A maioria das informações sobre o tratamento baseia-se no tratamento de condições relacionadas.
A avaliação precisa de um primeiro passo importante no processo de tomada de decisão médica para este sintoma comumente apresentado no ambiente de cuidados primários. Algumas opções de manejo adequadas, como garantias, monitoramento periódico, psicoeducação ou terapia para o paciente e família, intervenção com medicamentos ou encaminhamento para serviços de saúde metálicos ou serviços escolares especializados podem ser estratégias úteis com base em tal avaliação.
A abordagem sobre irritabilidade na infância deve ser cuidadosa, pois um diagnóstico incorreto pode desencadear uma trajetória ao longo da vida que envolve medicamentos, terapia e institucionalizações inadequadas ou desnecessárias. Por outro lado, quando não resolvida, os pacientes podem progredir para comportamentos de atuação com dificuldades sociais, interpessoais e acadêmicas significativas ou formas violentas que trazem danos a si mesmos e aos outros. Em qualquer situação, é necessária uma melhor compreensão da irritabilidade normal versus anormal e estratégias clínicas para o diagnóstico para garantir a saúde e o bem-estar das crianças, das suas famílias e da comunidade.
Em resumo, a irritabilidade na infância é uma experiência comum e, na maioria dos casos, parte natural do desenvolvimento. No entanto, é fundamental estar atento aos sinais de problemas significativos para a criança e buscar apoio de profissionais de saúde, como pediatras, psicólogos ou terapeutas, quando necessário. Com compreensão, paciência e orientação adequada, podemos ajudar nossas crianças a navegar pelas complexidades de suas emoções e a crescerem de forma saudável e feliz.
Referências:
HAMEED, U.; DELLASEGA, C. A. Irritability in pediatric patients: normal or not?. The Primary Care Companion for CNS Disorders, v. 18, n. 2, p. 27397, 2016. DOI: 10.4088/PCC.15br01893
LEIBENLUFT, E. Irritability in children: what we know and what we need to learn. World Psychiatry, v. 16, n. 1, p. 100, 2017. DOI: 10.1002/wps.20397
VIDAL-RIBAS, P. et al. The status of irritability in psychiatry: a conceptual and quantitative review. Journal of the American Academy of Child & Adolescent Psychiatry, v. 55, n. 7, p. 556-570, 2016.
Informações com acessibilidade e embasamento cientifico
sobre saúde mental no Brasil e no mundo.