Uso De Medicações Na Gestação...
Leia maisA dependência emocional é um padrão de comportamento no qual um indivíduo se torna excessivamente dependente de outro para satisfazer suas necessidades emocionais e busca constantemente e por cuidado, aprovação e validação de alguém em específico. Esse tipo de comportamento costuma estar associado, na maioria das vezes, a relacionamentos amorosos, podendo acontecer também no âmbito familiar ou de amizade. A dependência pode gerar uma série de comportamentos submissos que afetam negativamente o bem-estar emocional e o funcionamento do indivíduo. Em suma, os pacientes apresentam dificuldades para tomar decisões e iniciar projetos por conta própria por não se sentirem confiantes em si mesmos ou ainda, possuem sentimentos de desconforto/desamparo quando estão sozinhos, sentindo uma necessidade de estabelecer um novo relacionamento logo após o término do anterior, para que assim recebam cuidado, já que acreditam não ser em capazes de cuidar de si. Além disso, apresentam disposição de fazer tudo pelo outro, inclusive de realizar tarefas desagradáveis, submeter se a exigências inoportunas e até mesmo tolerar abuso físico, sexual e mental A sua etiologia é incerta, mas é possível que esteja associada a fatores culturais, de vulnerabilidade, experiências negativas em relacionamentos anteriores e à submissão familiar.
A “dependência emocional” não é oficialmente reconhecida como um diagnóstico pelo Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM 5 TR), no entanto, demais conceitos descritos nele como o (Transtorno de Personalidade Dependente), (Transtorno Depressivo (Maior ou Persistente), Transtorno de Ansiedade e o Transtorno de Personalidade (Borderline, Histriônica, Esquiva) também possuem traços de hipersensibilidade à rejeição, mas são diferenciados entre si por seus aspectos característicos.
A série “Bebê Rena”, da Netflix, é um excelente instrumento para exemplificar os sinais de dependência emocional, onde o comediante Donny (Richard Gadd) exibe claros sinais de dependência. O personagem era dopado com drogas e sofria tanto abusos sexuais quanto psicológicos de Darrien (Tom Goodma Hill), um famoso escritor que prometia alçar o comediante à fama e, era tão coeso em suas falas, que Donny não consegue sair da situação de dependência, pois imaginava que, somente com a ajuda e aprovação do escritor, ele obteria o sucesso que almejava na carreira. Tal dependência se manifesta de diversas formas ao longo dos episódios, refletindo em Donny uma necessidade constante de validação e afeto dos outros, incluindo o de Martha (Jessica Gunning), stalker que conheceu no bar em que trabalhava e que, após conversarem, passa a demonstrar sinais claros de obsessão e de perseguição pelo comediante. No entanto, apesar de Martha exceder os limites de um relacionamento “normal”, ela o elogiava e o fazia sentir se desejado de alguma forma. Assim, a trama obsessiva se estendesse por vários meses até que as proporções se tornam cada vez maiores e o obrigam a buscar por ajuda policial. Por fim, quando a personagem finalmente deixa d e lhe contactar, Donny se vê sem ninguém, desamparado, aceita retornar à submissão de Darrien e suprir a sua dependência emocional.
Assim como os demais transtornos, a dependência emocional possui tratamento e tem grande enfoque na tentativa de findar os medos de ser independente, desenvolver maior autonomia e a construir relacionamentos mais saudáveis e equilibrados. Entre os principais meios de tratamento, estão a Terapia Cognitivo Comportamental, Psicoterapia Psicodinâmica e até mesmo antidepressivos, quando a dependência está associada a outros sintomas marcantes. Nesse sentido, se tornar independente emocionalmente é um processo gradual, que envolve a construção de confiança e habilidades de enfrentamento frente ao problema, mas pode, sim, ser possível quando devidamente percebida e orientada.
REFERÊNCIAS:
1. Em KAPLAN, H.; SADOCK (Orgs), Tratado de Psiquiatria. Porto Alegre: Artes Médicas, p.1314-1327, 1999.
2. American Psychiatric Association: Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, 5ª edição, Texto Revisado (DSM-5-TR). Washington, DC, American Psychiatric Association, 2022, pp 768-771.
3. Morgan TA, Zimmerman M: Epidemiology of personality disorders. In Handbook of Personality Disorders: Theory, Research, and Treatment. 2nd ed, edited by WJ Livesley, R Larstone, New York, NY: The Guilford Press, 2018, pp. 173-196.
4. Grant JE, Mooney ME, Kushner MG: Prevalence, correlates, and comorbidity of DSM-IV obsessive-compulsive personality disorder: Results from the National Epidemiologic Survey on Alcohol and Related Conditions. J Psychiatr Res 46(4):469-475, 2012. dois: 10.1016/j.jpsychires.2012.01.009
5. https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/transtornos-psiquiátricos/transtornosde-personalidade/transtorno-de-personalidade-
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